A
COLUNA DE TRAJANO
No
Forum Traiani, em Roma, encontra-se
até hoje um monumento de mármore, com 40 metros de altura e pouco mais de 3
metros de diâmetro, o que lhe confere um perfil esbelto. É a Coluna de Trajano, obra do arquiteto
Apolodoro de Damasco, por ordem do imperador Marcus Ulpius Trajanus, após a
conquista da Dácia (mutatis mutandis,
a atual Romênia), no início do século II d.C. O monumento tem um pedestal de
5,50 metros de altura, com uma inscrição
sobre a porta de entrada, alusiva à sua construção e finalidade. A obra foi
inaugurada em 113 d.C. No topo da coluna, onde havia uma estátua gigantesca de
Trajano, em bronze e banhada a ouro, de 6 metros de altura, encontra-se hoje
uma de São Pedro, como sinal de que a coluna foi adotada pela Igreja.
A
coluna está circundada por esculturas em baixo-relevo, com cenas das guerras
dácicas, em espiral de baixo para cima, equivalentes a uma completa obra
literária.
O
primeiro a procurar decifrar as cenas das guerras dácicas esculpidas ao redor
da coluna foi o monge espanhol Alfonso Francisco Chacón (1530-1699), no século
XVI. Um século depois, o ministro papal Raffaello Fabretti (1618-1700) escreveu
uma esplêndida monografia sobre a coluna, acompanhada de um álbum de gravuras
de Pietro Santi Bartoli (1635-1700). Após outros trabalhos, vieram os estudos
romenos. Afinal, a coluna é tida como um certificado de nascimento do povo
romeno. O melhor trabalho escrito sobre a coluna é, certamente, o do
historiador Radu Vulpe, em seu livro Columna lui Traian, editado em Bucareste,
em 1988.
Os
dácios representados na coluna são os antepassados dos romenos. Os trajes dos
dácios nas esculturas assemelham-se, até hoje, aos dos aldeãos romenos, o que
comprova a fidelidade do escultor. Em 1896, Badea Cârtan (1849-1911), pastor
romeno que lutou pela independência do seu país, foi a pé ver a coluna de
perto. Dormiu ao pé do monumento. No outro dia, a imprensa italiana anunciou: um dácio desceu da coluna!
De
todo o Forum Traiani somente esse
monumento resistiu intacto ao tempo, às intempéries e à deliberada destruição:
apenas levaram a urna de ouro com as cinzas do imperador e substituíram a sua
estátua pela de São Pedro.
A
Coluna de Trajano, no centro de Roma, sobressai com o seu esbelto perfil de
mármore, testemunho histórico do encontro de duas civilizações para a formação
de um povo.